Instalações são uma combinação entre o preservar do passado e o preparar o futuro.
É na Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo que se encontra uma das adegas mais antigas e tradicionais com vista para o rio Douro. Pelo menos é o que reza a história.
Datada de 1764, a adega integra um conjunto de edifícios tradicionais em distintos patamares. Construída com paredes de xisto pintadas de branco com uma barra da cor da manta do lagar (cor do sumo da uva tinta), conserva da sua traça original as portas de madeira largas por onde passavam as pipas de 550 litros de vinho do Porto que eram transportadas em carros de bois para os barcos rabelos nas margens do rio Douro.
Este ano, com a vindima de 2023, a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo apresenta a sua “nova” adega. “Aproveitando a topografia desnivelada em três cotas diferentes preservou-se o passado das paredes de xisto para projetar aquela que é uma adega de futuro”, explica o produtor.
A entrada dá-se por uma porta grande e larga, de um edifício cuja traça (e o brasão) foi preservado, mas cujo interior foi totalmente renovado. Uma instalação de 34 cubas em cimento em duas cotas (num total de 246.000 l) que foi pensada para promover a micro-oxigenação em diferentes dimensões dos vinhos da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo e, pouco a pouco, aportar maior frescura neste contexto de aquecimento global.
No edifício encontra-se ainda uma sala com 2 balseiros, de onde se destaca a reserva da família, dedicada aos Vinhos do Porto. Esta será a porta de entrada para o Winery Lounge da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo que estará finalizado no final deste ano.
A adega é complementada com o laboratório e a sala de provas por entre ripas de madeiras bem colocadas e que nos levam às portas da adega com 51 cubas de inox de 10.000 a 12.500 l (cerca de 560.00 l), para vinificar uvas tintas e brancas depois de selecionadas em três linhas de receção ( uma para brancos, uma para tintos e outra para rosés) equipadas com mesas de selecção manual e um equipamento de última geração- Pellenc- que otimiza a seleção da uva, desde a grainha até à separação de bagos secos, fazendo um esmagamento suave.
Luisa Amorim, CEO e mentora deste novo projeto, explica que “este novo espaço, de acesso restrito, está apenas disponível para os hóspedes da chancela Relais et Châteaux e sujeito a reserva antecipada. Não estará acessível aos diversos canais online.Queremos criar uma experiência fora de série e acreditamos que a melhor forma de promover os vinhos do Douro icónicos é pela palavra. Para isso selecionamos a nossa melhor equipa de wine educators WSET nível 2 para receber os amantes de vinho vindos de diferentes partes do mundo. Queremos prestar um serviço de excelência, com copos de excelência, vinhos de excelência, em diferentes formatos, e com a oferta de provas temáticas feitas à medida, dando posteriormente continuidade ao nosso wine club, com atividades e ofertas exclusivas para membros”.
A executiva acrescentou ainda que “decidimos criar uma adega boutique, tradicional, mas com tecnologia de ponta. Em pleno séc XXI temos que assumir que todas as vindimas são atípicas e que o tempo é determinante. Foi com este objetivo em mente que aumentamos a capacidade em cubas trabalhando o ponto de maturação certo para não comprometer a frescura desejada. A utilização de diferentes capacidades e de grandes formatos – como os cimentos e os foudres de 1200 l – permitirão uma enorme suavidade e uma excelente maturação, menos marcada pela madeira e mais fria devido à temperatura do próprio cimento. A versatilidade dos vasilhames utilizados e as suas diferentes capacidades repercutem na adega aquilo que tem sido a nossa filosofia na vinha: trabalhar as nossas 41 parcelas de forma única extraindo a singularidade e o potencial que cada uma nos oferece”.