Chegou a nova edição da revista Paixão Pelo Vinho e como estamos em época Natalicia, vamos falar sobre a origem de tudo. O Terroir. O conceito de terroir encapsula a interação entre fatores como solo, clima, topografia e práticas culturais, moldando o caráter único de cada vinho. Elementos como tipo de solo, altitude e seleção clonal influenciam profundamente as características das castas e a sua adaptação às condições locais. Castas como Alvarinho e Touriga Nacional exemplificam a expressão de terroir, revelando perfis distintos consoante a região onde são cultivadas.
A seleção clonal é uma ferramenta essencial para a adaptação das castas ao terroir, permitindo maximizar potencialidades e mitigar desafios como o clima e pragas. Contudo, uma aplicação excessiva pode reduzir a variabilidade genética, sendo recomendadas plantações policlonais.
A diversidade das castas em Portugal reflete a riqueza do território e a habilidade dos enólogos em explorar as particularidades regionais. Exemplos como Antão Vaz na Vidigueira, Arinto nas zonas costeiras e Encruzado no Dão ilustram a ligação intrínseca entre a casta e o terroir, enquanto castas mais elásticas, como a Touriga Nacional, se adaptam a diferentes condições mantendo a identidade.
Portugal, com o seu pequeno território mas enorme diversidade, é um exemplo notável de como a interação entre casta e terroir resulta em vinhos únicos. Com desafios como as alterações climáticas, a procura por castas adaptáveis e novos estilos torna-se ainda mais relevante para preservar a riqueza da viticultura nacional.
(Excerto do artigo de tema de capa, por Zita Salvador)
Memórias Inesquecíveis à Mesa
O Natal é sinónimo de tradição, de rituais à mesa repleta de sabores únicos, que variam de região para região, e de bons vinhos, especialmente os portugueses, que realçam os pratos da época e elevam cada momento de celebração. Harmonizar os diferentes momentos da refeição pode ser um desafio, por isso partilho algumas dicas para ajudar nas suas escolhas. Afinal, desde o bacalhau aos doces, o vinho certo faz toda a diferença, criando memórias inesquecíveis.
Para iniciar a refeição, as entradas como queijos, enchidos e frutos secos ganham um brilho especial ao lado de espumantes frescos da região do Távora-Varosa, brancos vibrantes como Alvarinho ou até a elegância de um Chardonnay.
No coração da ceia, as opções são amplas e dependem do prato escolhido. O bacalhau, rei incontestável da consoada, harmoniza com brancos encorpados e frescos, como Arinto ou Encruzado, que equilibram a intensidade do azeite e a textura das batatas. Já o polvo cozido, tão apreciado no Norte, liga perfeitamente com brancos de altitude. Para carnes como cabrito, galo ou peru recheado, tintos estruturados do Tejo, bem como do Douro, Beira Interior ou Dão, de castas como Touriga Nacional e Touriga Franca, são sempre boas opções. Se o prato for leitão, lombo ou pernil assado, um tinto de Baga ou um espumante Blanc de Noirs garantem frescura e equilíbrio. No Alentejo e no Algarve, o galo ou a galinha assada pedem tintos encorpados de taninos sedosos, como os da Península de Setúbal ou do Alentejo, enquanto um branco clássico da Bairrada pode surpreender quem procura algo mais ousado.
Na hora das sobremesas, como filhoses, bolo-rei e rabanadas, os vinhos doces licorosos são imbatíveis. Um Moscatel de Setúbal harmoniza com doces cítricos, enquanto um Porto Tawny é ideal para bolos de frutos secos. Já o Tronco de Natal brilha com um Porto Vintage ou um LBV. Para quem aprecia contraste, os espumantes brutos continuam a ser uma alternativa surpreendente, acompanhando a refeição do início ao fim, com leveza e elegância.
Nesta edição, reunimos várias sugestões para escolhas certeiras para a sua mesa e não só! Neste Natal ofereça vinhos e acessórios, copos, decanters ou saca-rolhas, presentes que qualquer amante de vinhos apreciará.
Um brinde aos sabores, às tradições e, acima de tudo, à saúde e à alegria de celebrar com aqueles que amamos. Boas festas!
Por Maria Helena Duarte, diretora da revista Paixão Pelo Vinho
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