A Paixão Pelo Vinho distinguiu os melhores vinhos de 2022 num evento que decorreu no Vila Galé Opera, em Lisboa. A cerimónia foi seguida da primeira festa vínica do ano da revista, que reuniu mais de 20 produtores e na qual foi possível aos participantes experimentar mais de 200 vinhos.
Os Paixão Pelo Vinho Awards distinguem os vinhos que foram considerados os melhores do ano através de uma classificação de 0 a 20 pontos, na sua maioria atribuída em provas cegas. Este ano foram distinguidos 125vinhos dos quais 10 com o prémio ‘Escolha’ – vinhos com boa relação qualidade/preço; 92 premiados com ‘Excelência’ – vinhos entre 18 e 18,9 valores; e 23 distinguidos com o prémio ‘Prestígio’ – vinhos com classificação superior a 19. A lista completa dos vencedores pode ser consultada aqui.
Na cerimónia de entrega de prémios que aconteceu no dia 25 de Março, a diretora da Paixão pelo Vinho, Maria Helena Duarte, salientou que “a revista é um instrumento de descoberta do sedutor mundo que envolve a gastronomia, o (eno)turismo, a cultura e o património, as pessoas e as suas histórias”. E salientou que “o vinho é o mote de união de todos estes aspetos e um motivo de partilha”. É por isso que “cada página da revista é um contributo para consumidores mais informados e para um setor mais vibrante. Ter tantos vinhos premiados enche-nos de orgulho”.
A diretora comunicou diversas novidades entre quais que é agora, em conjunto com o marido Ernesto Fonseca, proprietária da Purple Media e das suas publicações periódicas nas quais se inclui a Paixão Pelo Vinho e que a revista passará “a ser a bimestral”, contando, assim, com mais duas edições por ano. Foi também revelado o calendário dos próximos eventos vínicos da revista, que vão passar por Braga, Porto, Condeixa, Lisboa, Setúbal e Évora, e a data da grande gala dos 18 anos da revista que acontece no Salão Preto e Prata do Casino do Estoril a 26 de janeiro de 2024.
Presença do Instituto da Vinha e do Vinho
A Vice-Presidente do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), Sandra Vicente, enalteceu “a iniciativa” e destacou que os vinhos nacionais são “produtos únicos e que se afirmam em Portugal e no mundo pela qualidade, diversidade e excelência”. A responsável deu os parabéns aos produtores presentes e premiados nos Paixão Pelo Vinho Awards e referiu para o IVV é “um orgulho ser parceiro do caminho de sucesso” do vinho português.
Além disso, a Vice-Presidente explicou a importância das políticas públicas ligadas ao sector como o “VITIS, que ao longo de 23 anos tem permitido a reestruturação e reconversão das vinhas, modernizando-as e adaptando-as a uma crescente automatização/mecanização, contribuindo para um significativo aumento da qualidade e diversidade das produções, conferindo especial relevo à proteção das castas autóctones e, consequentemente, propiciando a melhoria do rendimento e da competitividade a nível global”.
A responsável disse que este instrumento já contribuiu para a “reestruturação de mais de 50% da área de vinha de Portugal” e partilhou que este “apoio terá continuidade assegurada até 2027, no âmbito do Plano Estratégico da PAC” num valor total de “72,25 milhões de euros”.
Promoção é vital
Sandra Vicente fez ainda referência à promoção feita aos vinhos portugueses, que em conjunto com a qualidade dos mesmos, tem contribuído para um maior reconhecimento internacional e agradeceu o “trabalho de promoção realizado pelos produtores, pela ViniPortugal e pelas CVR’s”. Neste âmbito, a responsável realçou “o apoio à promoção em países terceiros no PEPAC” que tem “financiamento assegurado até 2027” e convidou os produtores a candidatarem-se ao programa “no valor de 10 milhões de euros”. E sublinhou que foi “feito um esforço no sentido de uma maior simplificação e desburocratização desta intervenção”. A Vice-Presidente falou ainda do Fórum Anual da ViniPortugal, “um referencial nacional credível, acessível, abrangente, simples e inclusivo” e do reforço “da utilização da marca ‘Wines of Portugal’, como mecanismo privilegiado para a promoção da imagem de Portugal enquanto produtor de vinhos de excelência”. A iniciativa das Novas Autorizações foi também referida pela Engª Sandra Vicente como “um importante instrumento para o aumento da área de Vinha” e que tem “2 210 hectares disponíveis”.
No final, a Vice-Presidente deixou uma mensagem “de grande otimismo e confiança no futuro” do setor, que acredita “será seguramente de prosperidade e sucesso”.
Mérito nacional é um orgulho
Quando falamos de premiados, não há como fugir à Costa Boal Family Estates que foi o produtor mais galardoado com 4 distinções ‘Excelência’ e 2 ‘Prestígio’. Marco Seixas, responsável de negócio a nível nacional e internacional da empresa, revelou que estes são “um reconhecimento da qualidade dos vinhos produzidos” e esclareceu que têm um papel “importante na divulgação da marca”. Aliás essa foi a tónica dominante de quase todos os galardoados nos Paixão pelo Vinho Awards. Leonor de Freitas, empresária que está ao comando da Casa Ermelinda de Freitas, destacou que sua história anda a par do trajeto da revista já que a Paixão Pelo Vinho “começou quando entrou no mundo dos vinhos”. Sobre os três prémios atribuídos aos vinhos produzidos pela sua empresa, afirmou que “têm imensa importância e que são uma alegria” já que “representam muito a paixão que têm pelo vinho e por aquilo que é bom e pelo que de melhor se faz no país. É muito importante para promoção e divulgação”. Patrícia Branco, diretora técnica da Mário Lopes Winemaker, produtor que arrecadou dois prémios, realçou o galardão atribuído ao Vinho Verde tinto: “O Touché 2020 foi o culminar de uma busca na tentativa de fazer um vinho de qualidade superior e sinónimo de elegância, delicadeza e finesse. Daí que, o prémio Prestígio atribuído a este vinho seja um motivo de orgulho para nós, porque representa o reconhecimento de todo o esforço e dedicação que colocamos no nosso trabalho, e só nos motiva a continuar o nosso caminho”.
O que é nacional, é excelente
O responsável da Quinta dos Nogueirões, Hélder Monteiro, sublinhou que “os prémios ‘Excelência’ e ‘Prestígio’, são “uma mais-valia para a divulgação do trabalho como produtor” e “um reconhecimento do trabalho realizado”. Fortunato Garcia, responsável pelo Czar, um vinho com origem no Pico, mostrou-se muito orgulhoso de ter sido galardoado: “Para um produtor tão pequeno como eu, é uma honra, é um reconhecimento ainda para mais no patamar em que foi colocado. Representa que estamos no bom caminho. Dá alento para continuar”. Alves de Sousa foi o segundo produtor mais premiado dos Paixão Pelo Vinho Awards e Patrícia Alves de Sousa, diretora financeira da empresa, avançou que “apesar de não fazerem os vinhos para os prémios”, estes “acabam por ser um reconhecimento por todo o trabalho, sacrifício e paixão que têm na produção dos vinhos”. Em linha com este pensamento está também António Maçanita, da Maçanita Vinhos, que arrebatou três galardões enquanto enólogo e produtor: “Não trabalhamos para os prémios, mas sabem muito bem, em especial para a equipa, e é super importante perceber que somos reconhecidos por uma publicação com vários anos e que tem uma visão global da indústria. É mais uma recompensa do nosso trabalho”.
O Vinho do Porto da Quinta do Cabeceiro foi também um dos premiados e Gabriela Canossa, enóloga responsável da quinta, explicou que para “um produtor muito pequeno, com uma história de vida ainda muito recente” é “entusiasmante receber o prémio ‘Excelência’ no primeiro Porto”, além de ser uma “rampa para alavancar todos os outros produtos” que têm. Por outro lado, Rui Brandão, da Sociedade Agrícola Boas Quintas acrescentou que o prémio recebido “dá motivação, é muito importante para o reconhecimento do que fazem ao longo do ano” e que permite que o “consumidor dê mais valor ao vinho, em especial se ainda não conhece e vai comprar pela primeira vez”.
Artigo escrito por Mafalda Freire, com fotografias de Nuno Belo