Quinta do Sampayo – O início de uma nova era
No coração do Cartaxo, a menos de uma hora de Lisboa, há um sitio talhado para a celebração, onde o vinho é o grande protagonista. Esta quinta, muito admirada e frequentada por Almeida Garrett, seria imortalizada na sua obra “Viagens da Minha Terra”. Após 10 anos de pausa a Quinta do Sampayo renasceu.
Com uma história de séculos impregnada no solo, nas barricas e nas paredes, a Quinta do Sampayo quer voltar a ser uma insígnia de qualidade dos vinhos da região e uma referência no panorama do enoturismo nacional.
No (re)lançamento da Quinta do Sampayo, honrou-se a memória, mas brindou-se, sobretudo, ao recomeço e ao futuro. Novos vinhos e um projeto de enoturismo fazem parte de algumas das novidades apresentadas na Quinta do Sampayo, que, além da equipa residente, conta também com a participação da chef Justa Nobre.
O dia foi pontuado por uma visita à Quinta do Sampayo, à adega e às vinhas, mas também, pela prova dos novos vinhos produzidos nesta nova era que marca o recomeço de uma quinta com séculos de história e que, depois de 10 anos de pausa, pretende voltar à produção de vinhos de excelência e assumir-se como uma referência no panorama do enoturismo. Neste dia tivemos oportunidade para conhecer e provar os Quinta do Sampayo branco e tinto de 2023, já disponíveis no mercado.
Segundo Ana Macedo, filha de José Macedo (o responsável pela grande transformação da quinta), e que assumiu desde novembro de 2022 a decisão de reerguer a Quinta do Sampayo “voltar à Quinta do Sampayo significa honrar a visão do meu pai e, de alguma forma, continuá-la, à luz da minha própria visão do que a quinta pode ser, da marca que pode deixar na região e nos vinhos produzidos”.
A propósito dos vinhos agora lançados, Ana Macedo revelou ainda que os rótulos foram criados pela jovem designer gráfica Carolina Miranda e que procuram traduzir a paixão e a emoção do projeto e conferir uma nova identidade à renovada Quinta do Sampayo.
Alberto Miranda, viticultor, revelou que a missão é ambiciosa, “criar vinhos de excelência”. Para isso, “apostámos numa nova abordagem: o RIR – Renovar, Inovar e Rejuvenescimento”.
Atentos às novas tecnologias e aos novos métodos de produção, mas também às alterações climáticas e à sustentabilidade, a Quinta do Sampayo renovou equipamentos, apostou na diminuição da contaminação dos solos e promovendo ativamente a biodiversidade, entre outras estratégias, que visam atingir os objetivos propostos.
Por seu turno, Marco Crespo, o enólogo da Quinta do Sampayo partilhou que é pretendido “um crescimento sustentável nas vinhas, que têm uma capacidade de produzir até 1 milhão de litros de vinho”. Ainda longe desses números, Marco defende uma estratégia a longo prazo para que se aposte na qualidade dos vinhos produzidos, mas também na renovação do olival com cerca de 50 anos, que permitirá, mais tarde, num intervalo de três a cinco anos, avançar para a produção de azeite.
Renata Abreu, consultora comercial, responsável pela distribuição dos vinhos Quinta do Sampayo, definiu o posicionamento dos vinhos agora apresentados como pertencentes “a um segmento médio, médio/alto, com um preço de venda recomendado nos 9,50€. Serão distribuídos por ora pelos canais tradicionais para posicionar e construir a marca, quer seja nos distribuidores regionais, canal Horeca ou através do retalho especializado permitindo assim um crescimento de forma orgânica”.
Foi ainda revelado que o projeto de enoturismo avança, para já, sem alojamento, mas concentrado nas visitas à Quinta, provas de vinhos e eventos enogastronómicos de diversas naturezas, corporativos e/ou privados. A Quinta do Sampayo dispõe de uma cozinha profissional, que conta com o selo de qualidade da chef Justa Nobre, e espaços próprios para a organização de eventos.
Quinta do Sampayo branco e tinto 2023
Com um passado inequívoco ligado ao lazer e à cultura vinícola, a Quinta do Sampayo apresentou os seus novos vinhos: Quinta do Sampayo branco 2023 e Quinta do Sampayo tinto 2023, produzidos a partir de castas bem típicas da região cujas videiras estiveram durante mais de 10 anos em repouso.Ao longo destes anos de paragem da produção, as vinhas tiveram a oportunidade de descansar, e de usar a sua habilidade para procurar nutrientes a níveis mais profundos, fazendo com que as uvas que foram frutificando passassem a concentrar novas e diversas propriedades. Esta mudança afetou diretamente os aromas e os sabores do vinho após a vinificação.
As uvas das vinhas antigas tendem a desenvolver nuances muito diferentes quando comparadas com os frutos de videiras mais recentes. Ao serem vinificadas, esses fatores tornam-se evidentes. As características mais associadas aos vinhos de vinhas antigas são sabores mais complexos e profundos, causados pela maior concentração de nutrientes em menos uvas. Além disso, como são plantas que maturam melhor e têm mais resistência a intempéries, apresentam maior presença de taninos e concentração de aromas frutados.
Os vinhos produzidos na Quinta do Sampayo fazem parte da área geográfica protegida do Tejo (IGP – TEJO), mais concretamente a sub-região do Cartaxo. O solo é maioritariamente dominado por calcários de textura franco-argilosa. A propriedade apresenta uma orografia com declives longos e ligeiros que permitem uma excelente exposição solar. O clima ameno e moderado, caracteriza-se por invernos frescos e verões quentes, combinado com as condições climáticas locais, confere às castas características singulares que resultam em vinhos distintos, de um terroir ímpar. Os vinhos com a chancela Quinta do Sampayo procuram satisfazer os gostos mais exigentes dos seus apreciadores.
O Quinta do Sampayo branco 2023 foi elaborado a partir das castas Arinto e Fernão Pires, esta última bem característica da região Tejo. Revelou cor amarela com tons esverdeados, aspeto limpo. Destaca notas cítricas, flor de laranjeira, margaridas, frutos de pomar. É floral, frutado, fresco e equilibrado. Já o Quinta do Sampayo tinto 2023 nasceu de Castelão, Syrah e Touriga Nacional. Cor rubi intenso, oferece notas de fruta madura, frutos vermelhos, em especial morangos. Na boca é harmonioso, com taninos macios, com acidez equilibrada, tostados ligeiros, deixa um final longo e apelativo. Ambos apresentam um preço recomendado de venda ao público de 9,50 euros.