Alvarinho, Arinto, Encruzado, Chardonnay e Sauvignon Blanc.
Agora que os portugueses estão a desconfinar e o verão veio para ficar, surgem mais ocasiões para jantares conviviais em noites quentes ao ar livre, momentos perfeitos para degustar vinhos brancos especiais. Para melhor aconselharmos os nossos leitores conduzimos uma prova cega de vinhos brancos que abrangeu quase todas as regiões vinícolas de Portugal.
Como tivemos ocasião de constatar numa recente grande prova de vinhos brancos, ainda antes da pandemia e a que chamamos “Brancos Incríveis”, os produtores portugueses têm vindo a fazer vinhos brancos a um nível cada vez mais ambicioso. Se é verdade que, tal como então afirmamos, tradicionalmente em Portugal os grandes vinhos são elaborados a partir de blends, desta vez não quisemos deixar de vos deixar com uma perspectiva de vinhos monocasta que, sem ambicionarem ser de topo de gama, são adequados para consumir em situações específicas que podem acabar por se constituir em momentos perfeitos.
Decidimos focar-nos em vinhos monovarietais de cinco castas que ao longo dos últimos anos consideramos que se têm vindo a afirmar no panorama dos brancos: as castas nacionais Alvarinho, Arinto e Encruzado e as “internacionais” Chardonnay e Sauvignon Blanc.
Esta terá sido a primeira prova cega colectiva organizada em Portugal durante o período de confinamento. A revista Paixão Pelo Vinho conseguiu a proeza de reunir 12 provadores distribuídos por quatro painéis de prova respeitando em absoluto as regras de distanciamento social e de segurança sanitária contando para tal com a preciosa colaboração da Viniportugal que disponibilizou a sua magnífica Sala Ogival no Terreiro do Paço, assim como a competência e apoio do seu staff de acolhimento. Foram provados cerca de 120 vinhos.
Decidimos focar-nos em vinhos monovarietais de cinco castas que ao longo dos últimos anos consideramos que se têm vindo a afirmar no panorama dos brancos: as castas nacionais Alvarinho, Arinto e Encruzado e as “internacionais” Chardonnay e Sauvignon Blanc.
A casta Alvarinho que, há pouco mais de uma década se escapuliu do seu berço minhoto para se espalhar por tantas outras regiões, tem vindo a causar sensação nos últimos anos gerando vinhos frescos e perfumados, exuberantes e cheios de personalidade. Apreciar um copo de Alvarinho como aperitivo de fim de tarde a ver o pôr do sol pode-se tornar um momento perfeito.
Os vinhos da casta Arinto são vibrantes e acídulos de perfil mineral e frescura marcante o que os torna muito gastronómicos. Ameijoas à Bulhão Pato (que não levam vinho!) e um copo de Arinto jovem, pão saloio para o molho e uma vista de mar a rebentar no areal da Praia da Adraga pode ser considerado um momento perfeito.
A francesa Chardonnay instalou-se paulatinamente em Portugal a partir do final dos anos 80 estando hoje presente na maioria das nossas regiões. Podemos dizer que já esteve mais na moda, mas a verdade é que estando muitos produtores a abandonar o perfil “tosta/baunilha” que acabava por se tornar excessivo face às elevadas graduações alcoólicas obtidas na maturação fenólica plena, estão a surgir exemplares muito interessantes. Um frango da Guia de take-away comido ao almoço em família no jardim de uma casa de férias no Algarve, pode ser um momento perfeito.
Seria uma ousadia sugerir que combinar um Sauvignon Blanc com bacalhau assado pode constituir um momento perfeito? Pela mesma razão que apreciamos o amargo dos grelos nos pratos de bacalhau, também as notas herbáceas e verdes dos vinhos desta casta se harmonizam perfeitamente com o fiel amigo. Harmonizar pratos de bacalhau, sobretudo grelhados ou no forno com os Sauvignons melhor pontuados nesta prova pode gerar momentos perfeitos nesta temporada.
Deixo para o fim uma das minhas castas favoritas, a bela Encruzado, oriunda do Dão e aí pouco valorizada até muito recentemente, apesar dos exemplos vivos que demonstram tratar-se de uma casta com um potencial de evolução extraordinário.
O meu momento perfeito para este verão, quando pudermos finalmente circular em segurança, seria merendar uma fatia de pão de centeio torrado com requeijão de Seia e um copo de Quinta dos Carvalhais Encruzado 1998 à sombra de uma latada de uma Quinta no Dão.
> texto André Guilherme Magalhães > fotografia D.R.