Costa Boal Family Estates entra numa nova era
Um Porto centenário e tintos topo de gama são as novas apostas do produtor de Trás-os-Montes e Douro Costa Boal.
Ao todo são cinco os vinhos Costa Boal que chegaram ao mercado, materializando a aposta deste produtor de Trás-os-Montes e Douro nos vinhos topo de gama. O Costa Boal Very Old Port, um vinho que o produtor assume ser “um tesouro guardado durante sucessivas gerações na adega da família, na aldeia de Cabêda, Alijó”, é um Tawny muito velho, não tendo sequer registo escrito do seu percurso. “Mas é provável que possa incluir partes de lotes de Vinhos de Feitoria, os melhores do vinho fino do Douro como é, ainda hoje, conhecido o Vinho do Porto guardado pelos viticultores locais nas suas adegas no Douro. Sabe-se, no entanto, que este Porto agora engarrafado é quase centenário”.
Já o Costa Boal Homenagem 2011, tinto Reserva de ano mítico, 2011, rótulo em memória ao pai Augusto Boal, viticultor e pequeno produtor no Douro, tem a particularidade de ser originário de uvas colhidas em vinha da aldeia de Cabêda, Alijó. “União harmoniosa e única, portanto, entre concentração (do ano) e frescura (do lugar com altitude e afloramentos graníticos), apurada pelo refrescamento (15%) com dois vinhos varietais de 2017, Tinto Cão e Sousão, dos quais, aliás, se falará no futuro próximo”, explica a empresa. Para completar a homenagem, António Costa Boal vai doar 10% da receita deste vinho ao Centro Social de Vilar de Maçada, num gesto de solidariedade que vem de encontro à tradição familiar de contribuir socialmente para o bem-estar na terra natal.
Palácio dos Távoras Gold Edition
Outra edição especial e topo de gama Costa Boal, o Palácio dos Távoras Gold Edition 2016, é apresentado como um blend feito na vinha, seleção de uma parcela específica da vinha velha em Chelas, Mirandela, Trás-os-Montes. Como é habitual nas vinhas antigas da região, a diversidade de castas plantadas não é distribuída uniformemente, resultando parcelas com perfil diferente umas das outras. É o assumir de uma dessas manchas – no caso, com predominância de Alicante Bouschet, Baga e Touriga Nacional – e a valorização de um conhecimento empírico ancestral da vinha “que leva ao surgimento desta edição especial”.
A aquisição da Quinta dos Tojais, em Cabêda, no concelho de Alijó, selou em definitivo o regresso de António Costa Boal às origens.
Igualmente da Quinta dos Távoras, o novo Bastardo 2018 da Costa Boal “reafirma a vitalidade do projeto”. Casta com tradição nas vinhas da região, diz o produtor que parece agora estar a recuperar o prestígio do passado, revelando produzir vinhos que combinam bem com comida mais elegante e saudável, muito na linha das novas tendências alimentares. “O Palácio dos Távoras Bastado enquadra-se na perfeição neste contexto, um vinho delicado, de pouca concentração e finesse que acompanha muito bem as novas dietas”.
O Flor do Côa Reserva branco 2018 era a referência em falta no portefólio Costa Boal, fazendo par com o Flor do Côa tinto Reserva. O produtor apresenta este novo branco Costa Boal como “feito a partir de uvas colhidas na Quinta da Pia, Murça”, e “apresenta perfil de Douro clássico, balsâmico e sem as notas de maracujá que se generalizaram nos vinhos da região a partir dos anos 1950. Teve fermentação espontânea e um mínimo de intervenção em adega, numa atitude ousada e na linha do espírito do projeto Costa Boal”.
Um nome, duas regiões vitivinícolas
Herdeiro de uma família de pequenos produtores estabelecidos no Douro desde 1857, António Costa Boal é o rosto e o mentor do projeto Costa Boal. Natural de Cabêda, no concelho de Alijó, o jovem produtor tomou em mãos a gestão das propriedades da família em 2004, tendo em 2008, no seguimento de partilhas, dado nova dinâmica e novo rumo ao projeto de vinhos.
Criada em 2009, a Costa Boal lançou os primeiros vinhos em 2011, na região de Trás-os-Montes (Flôr do Tua e Palácio dos Távoras), iniciando investimentos também no Douro, nomeadamente com a compra de uma quinta em Foz Côa (vinhos Flor do Côa) e a recuperação da adega da família, localizada na aldeia de Cabêda. Em 2012, é inaugurada a adega e armazém com linha de montagem e expedição em Mirandela.
A aquisição da Quinta dos Tojais, em Cabêda, no concelho de Alijó, selou em definitivo o regresso de António Costa Boal às origens (embora se mantenha a residir em Mirandela, onde estudou Engenharia Agrícola e casou), resultando dessa nova aposta a criação de vinhos topo de gama, da qual o Homenagem é a primeira referência.
Atualmente, a Costa Boal possui cinco quintas – Quinta do Vale de Mouro (Foz Côa), Quinta do Sobredo (Vilar de Maçada, Alijó), Quinta da Pia (Porrais, Murça), Quinta dos Tojais (Cabêda, Alijó) e Quinta dos Távoras (Mirandela) – e algumas vinhas mais pequenas, entre as quais uma vinha histórica nas arribas do Douro, em Miranda do Douro, da qual ouviremos falar, seguramente, no futuro. Com excepção de Miranda do Douro, cuja vinha tem mais de 100 anos, as vinhas Costa Boal têm idades entre sete e 60 anos e totalizam uma área de cerca de 50 hectares.
A Costa Boal produz anualmente 150 mil garrafas de vinho, essencialmente comercializadas no mercado nacional (77%), estando a abrir mercados externos.
Portefólio diversificado
Entre o portefólio da Costa Boal estão as referências Flor do Côa (dois brancos e três tintos de diferentes gamas) e Costa Boal (o tinto Reserva Homenagem, Porto Vintage 2014 e Porto Tawny Muito Velho), no Douro. Da região de Trás-os-Montes, o produtor apresenta os rótulos Palácio dos Távoras (um branco e cinco tintos, entre os quais os monovarietais Bastardo e Alicante Bouschet, bem como o topo de gama Gold Edition hoje em prova), Quinta dos Távoras (dois vinhos Reserva, um branco e um tinto) e Flôr do Tua (dois brancos, um deles Moscatel Galego, e três tintos de diferentes gamas).
Todos os vinhos têm a assinatura do conceituado enólogo Paulo Nunes.