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100 Hectares Douro Touriga Nacional Grande Reserva 2019: homenagem em forma de vinho

Os irmãos André e Filipe Brás, proprietários da marca 100 Hectares, quiseram homenagear o seu pai e fizeram-no com um vinho de especial, disponibilizado numa embalagem a condizer, a evocar todo o seu amor pela família, mas também pelo Douro, pelas suas vinhas e pelo seu vinho. Luís de Miranda Brás, havia de se sentir orgulhoso, até porque também há uma edição comemorativa do 10 de junho, limitadíssima a 50 unidades!
Texto João Pereira Santos • Fotografias D. R.

O projeto 100 Hectares nasceu em 2009, na Régua, pelas mãos dos irmãos André e Filipe Brás, dois irmãos que cedo perceberam o que significa amar o Douro, a sua paisagem, as suas vinhas e mais tarde também os seus vinhos. Criados num seio familiar pleno de afetos e de sentimentos profundos, foi o pai, Luís de Miranda Brás, ourives de profissão, também viticultor e figura de referência para os dois irmãos, quem os levou a abraçar o trabalho na vinha e no vinho e daí fazerem vida. No entanto, tudo começou mais cedo, ainda na década de 70 do século passado, quando o avô, António Santos Cigarro, emigrante regressado do Brasil, começa a investir na compra e renovação de quintas e vinhas na sub-região do Baixo Corgo. A paixão pelo Douro foi passando de geração em geração e posteriormente coube a Luís assumir o legado familiar e abraçar, quase literalmente, as vinhas, que adquiriu na totalidade aos seus irmãos, ficando na posse de pouco mais de 100 hectares de terra, o que veio a ser utilizado para dar nome ao projeto.

O projeto 100 Hectares nasceu em 2009, na Régua, pelas mãos dos irmãos André e Filipe Brás, dois irmãos que cedo perceberam o que significa amar o Douro

As quintas estão distribuídas essencialmente pelo Baixo Corgo e Cima Corgo, de onde se destacam a Quinta de Nossa Senhora da Conceição, a Quinta da Marialva e a Quinta do Couraceiro. Durante vários anos as uvas produzidas eram vendidas a outros operadores da região, situação que veio a ser alterada com a produção de vinhos em nome próprio. Entretanto, as vinhas têm vindo a passar por processos de reestruturação, com o objetivo de assegurar a produção de uvas premium que o atual projeto 100 Hectares exige. 

As quintas da família são a origem dos seus vinhos, sendo que toda a produção é feita exclusivamente a partir de uvas provenientes das suas propriedades

Numa região tão antiga e com tanta tradição como o Douro, onde quintas centenárias ombreiam com vinhas quase da mesma idade, o projeto 100 Hectares parece ainda estar a dar os primeiros passos. No entanto, nos dias de hoje o tempo corre mais depressa e o dinamismo de André e Filipe Brás tem feito a diferença. A marca 100 Hectares, em menos de 15 anos, afirmou-se como um produtor de referência no Douro e os seus vinhos, com assinatura do enólogo Nuno Felgar, constituem um valor seguro, sendo conhecidos, apreciados e respeitados por consumidores e apreciadores. As quintas da família são a origem dos seus vinhos, sendo que toda a produção é feita exclusivamente a partir de uvas provenientes das suas propriedades, algo que está no centro da filosofia de produção de André e Filipe. Desta forma, quem adquire e saboreia uma garrafa destes vinhos está também a abraçar um pouco da história e património da família. Entretanto, a partir de uma pequena adega já existente no concelho da Régua, foi também construída, a partir de um projeto do Arquiteto Francisco Seixas e Silva, uma bonita, moderna e funcional adega onde decorre toda a atividade produtiva da empresa, desde a receção das uvas, a vinificação, estágio, engarrafamento e armazenamento, possibilitando igualmente provas e visitas. Atualmente a marca produz cerca de 270.000 litros de vinho.

Um vinho único e irrepetível…

À medida que os anos foram passando tornou-se maior o conhecimento das vinhas e do seu potencial, bem como o entendimento, cumplicidade e empatia entre Nuno Felgar, o enólogo da casa, com André e Filipe Brás. Desse conhecimento e dessa relação foi surgindo a vontade de fazer algo mais ambicioso. Nuno Felgar confidencia-nos que, conhecedor da qualidade das uvas da casta Touriga Nacional que possuíam, algumas de clones muito antigos, lançou o desafio: “fazer um vinho único, especial, diferente do que tudo o que tinham até então”.

Edição Especial, limitada a 50 garrafas, comemorativa do 10 de junho na cidade do Peso da Régua | 100€

O falecimento prematuro do pai dos irmãos André e Filipe veio dar urgência àquilo que não passava de um projeto ainda sem data definida. O profundo amor, reconhecimento e admiração pelo pai, fê-los deitar mãos à obra para lhe prestar a homenagem mais que merecida. Foi naturalmente escolhida a casta Touriga Nacional, também porque “era aquela de que ele mais gostava”, diz-nos Filipe e o ano de 2019 apresentou qualidade à altura. Os esforços para fazer um grande vinho não foram poupados: foram selecionadas as melhores parcelas das melhores vinhas do produtor, jogando com a sua origem, colhidas no seu ponto ótimo de maturação; posteriormente foram criteriosamente escolhidas, quase bago a bago; vinificação cuidada com esmagamento e desengace total; fermentação e maceração cuidada em lagar aberto com temperatura controlada, tendo sido previamente retiradas as grainhas das uvas; para o estágio de 12 meses foram utilizadas apenas barricas de 500 litros de várias tanoarias francesas, para uma melhor integração da madeira no vinho.

Foram produzidas 2700 garrafas. O resultado, diz-nos Nuno Felgar, é “um vinho para vender agora e para vender daqui a dez anos, um vinho que vai ficar no tempo” e que “se torne uma referência na gama”. Acrescenta ainda: “fazer este vinho marcou-me bastante porque fugiu ao conceito até então definido e foi um enorme prazer e um gosto, até porque conhecia bem o senhor Luís”.

…uma imagem a condizer

Os cuidados que acompanharam a produção do vinho tiveram naturalmente que ser continuados na imagem e embalagem a ele associadas. Amigos próximos de Luís de Miranda Brás, a Professora Manuela Grazina da Universidade de Coimbra e António Rodrigues, proprietário do restaurante Rei dos Leitões, surgiram com a frase “nos teus passos criei asas e voei no teu amor” que serviu de mote a todo o projeto de conceção gráfica, a cargo do designer Miguel Freitas (Miguel Freitas Design Studio), que desde o início colabora com o produtor e mantém com ele uma relação de longa data. Diz-nos Miguel Freitas que “a abordagem a um projeto começa sempre com a seleção de um conjunto de músicas” e neste caso, a letra do tema Breathe, do álbum The Dark Side of The Moon dos Pink Floyd, quando evoca três palavras/conceitos: partir, voar e cuidar.

Começo por fazer referência à extrema elegância do rótulo, composto por duas folhas de papel sobrepostas, uma branca, outra a ouro, que representam “dois mundos, duas camadas distintas que se complementam, metaforicamente representando o mundo terreno e o espiritual, o físico e o etéreo”, conforme nos diz Miguel, em que o ouro significa o mundo terreno e faz referência à profissão de ourives do pai homenageado e o branco, continua o autor, “o etéreo, que se sobrepõe ao terreno, permite, através de aberturas quadrangulares esta passagem entre os dois mundos, entre memórias, tão presentes da figura Paterna no Filipe e no André”.

Cada garrafa é disponibilizada numa embalagem também ela singular. Uma caixa retangular de madeira de cor natural com acabamento mate, levemente sedoso. A caixa abre-se pelo meio, através de um mecanismo simples de pressão, dividindo-se em duas partes iguais.

A composição visual envia-nos para um conceito de constelação, um céu ponteado por pequenas estrelas prateadas que reluzem num firmamento de alvura. Destaca-se uma folha de vinha que voa livremente, que se levanta da superfície do rótulo e se abre sobre um fundo dourado, numa alegoria perfeita da passagem entre dois mundos, do terreno e material para o etéreo e espiritual, ou, numa interpretação mais singela, a ascensão ao firmamento de Luís de Miranda Brás. A textura do papel, o equilíbrio da composição, o trabalho apurado e o acabamento pontuado com pequenos apontamentos brilhantes, transmite uma sensação de tranquilidade, leveza e paz, mesmo para quem não conhece o conceito por trás do trabalho. O contraste entre o fundo branco e os apontamentos dourados, que teimam em sobressair e se fazer notar, constituem um elemento adicional de sofisticação e refinamento que estabelece uma ponte para a perceção da essência do vinho contido na garrafa: único, especial, diferente.

Cada garrafa é disponibilizada numa embalagem também ela singular. Uma caixa retangular de madeira de cor natural com acabamento mate, levemente sedoso. A caixa abre-se pelo meio, através de um mecanismo simples de pressão, dividindo-se em duas partes iguais. A abraçar a caixa, uma cinta branca de cartão com as mesmas aberturas quadrangulares presentes no rótulo, representa a evocação do último abraço de um pai afetuoso aos seus dois filhos, abraço esse que os mantém unidos num forte sentimento familiar. A inscrição na cinta, em baixo relevo branco, da frase “nos teus passos criei asas” (que é completada na caixa de madeira com “…e voei no teu amor”) acentua o lado etéreo e metafórico que envolve todo o projeto e que o designer Miguel Freitas tão bem soube captar.

Sem dúvida um projeto concetual exemplar que, partindo do vinho elaborado sob uma forte componente emocional, se prolonga no rótulo e na embalagem, num todo lógico e harmonioso de grande sensibilidade e extremo bom gosto. Certamente que, esteja onde estiver, Luís de Miranda Brás, se sentirá orgulhoso.

/19/ PRÉMIO PAIXÃO PELO VINHO PRESTIGIO

100 HECTARES TOURIGA NACIONAL

GRANDE RESERVA TINTO 2019

DOC DOURO | 16,5%

Cor rubi fechada com laivos violeta e magenta. Aroma intenso, profundo e sedutor, ainda muito jovem, com fruta preta madura, especiaria, chocolate preto e tosta de barrica bem integrada. Na boca surge volumoso, harmonioso e profundo, com textura a envolver os taninos finos bem integrados. Muito rico e equilibrado com boa acidez a prenunciar longevidade e a compensar o teor alcoólico. Final austero, longo e persistente. Um grande vinho com muito futuro pela frente. JPS

A revista Paixão Pelo Vinho provou e classificou, em 2019, mais de mil vinhos em prova cega. Os vinhos e espumantes que se destacaram pelas sedutoras características sensoriais, foram oficialmente premiados, recebendo as distinções “Paixão Pelo Vinho Prestígio”, Paixão Pelo Vinho Excelência” e “Paixão Pelo Vinho Escolha”. O evento realizou-se no passado dia 7 de março e foi partilhado pelos leitores e apreciadores de vinhos, que puderam participar, aplaudir, provar, aprender e brindar! 

O ponto alto de todas as publicações especializadas é sempre o dia em que se festeja o setor, que recebe todas as atenções durante o ano, e se entregam os prémios aos melhores. Assim aconteceu, também, com a revista Paixão Pelo Vinho que, no passado dia 7 de março, juntou produtores e enólogos, para entregar os prémios aos melhores vinhos e espumantes, provados no decorrer de 2019, e celebrar numa festa vínica, que juntou mais de 1200 apreciadores de vinhos, no Hotel Vila Galé Ópera, em Lisboa. 

O evento contou com a presença de uma seleção de premiados, que estiveram a dar a conhecer os seus vinhos, incluindo alguns convidados como Raríssimo By Osvaldo Amado, Quinta do Gradil e Enoport Wines, que aproveitaram a altura para fazer uma apresentação dos seus novos vinhos. Outro ponto alto do evento foi o ciclo de “Conversas com os Enólogos”, num espaço que esteve sempre esgotado e proporcionou a prova comentada de vinhos especiais, apresentados pelos seus enólogos.Foram provados e avaliados mais de mil vinhos, espumantes e aguardentes vínicas no decorrer de 2019. Destes, um total de 68 foram premiados, com maior destaque para a região do Douro, que arrecadou 28 distinções. 

A festa vínica juntou mais de 1200 apreciadores de vinhos, no Hotel Vila Galé Ópera, em Lisboa.
PAIXÃO PELO VINHO PRESTÍGIO

O prémio Paixão Pelo Vinho “Prestígio”, coube a oito produtores. Entre eles, três vinhos tintos, todos DOC Douro: Costa Boal Homenagem Douro tinto Grande Reserva 2011, da Costa Boal Family Estates; Quinta da Manoella Vinhas Velhas tinto 2016, da Wine & Soul; e Quinta da Oliveirinha Vinha Franca tinto (Touriga Franca) 2013, produzido pela família Alves de Sousa. 

Apenas um vinho branco ganhou “Prestígio”, foi o Terrantez do Pico, com Indicação Geográfica Açores, da colheita de 2018, produzido pela Azores Wine Company. 

Os Vinhos do Porto Vintage 2017 também estiveram em destaque, arrecadando quatro destes prémios mais altos: Portal, da Quinta do Portal; Croft Quinta da Roeda Serikos e Taylor’s Vargellas Vinha Velha, ambos produzidos por Quinta & Vineyard Bottlers – Vinhos; e Quinta das Lamelas, de José António da Fonseca Augusto Guedes.

PAIXÃO PELO VINHO EXCELÊNCIA

A “Excelência”, prémio equivalente às habituais medalhas de ouro, foi entregue a 44 produtores. O Douro destacou-se e veio de lá o único Moscatel premiado – Adega de Favaios Moscatel 1989. A casta Touriga Nacional esteve presente em muitos dos vinhos premiados, como o Quinta da Gricha Talhão 8 tinto 2016, da Churchill Graham. A Quinta do Noval conquistou dois prémios, com os Quinta do Noval tinto Reserva 2016 e Porto Vintage 2017. Também a Quinta da Barca foi distinguida com “Excelência” para os Busto branco Grande Escolha 2017 e tinto Grande Escolha 2016. O Secretum Arinto 2018 e, do mesmo produtor, o Lua Cheia em Vinhas Velhas tinto de Vinhas Velhas Reserva Especial 2016 também foram distinguidos com ouro. Márcio Lopes Winemaker recebeu dois prémios, um para o vinho Proibido DOC Douro tinto de Vinhas Velhas Grande Reserva 2017 e para o Pequenos Rebentos Edição Especial Vinhas Velhas branco (Loureiro) Reserva 2018, DOC Vinho Verde. A casta Alvarinho foi premiada em duas interpretações: Dom Ponciano espumante Bruto Natural 2013 e Soalheiro Primeiras Vinhas 2018. 

A Bairrada destacou-se, com dois prémios para a Adega de Cantanhede: Marquês de Marialva Edição Especial 65 Anos, tinto Garrafeira 2001, da casta Baga; e Marquês de Marialva tinto de Vinhas Velhas Grande Reserva 2013. A região Tejo ficou bem representada, entre outros, pelos vinhos Desalmado tinto 2013 e pelo Bridão Private Collection tinto 2016, ambos da Adega do Cartaxo. 

O Scala Coeli tinto 2015, produzido pela Fundação Eugénio de Almeida; o Monte da Capela 18 Anos tinto Grande Reserva 2016, da Casa Clara; e Mamoré de Borba tinto Grande Reserva 2015, da Sovibor, são bons exemplos de vinhos imperdíveis nascidos no Alentejo. 

A ilha do Pico também brilhou com o Vinha Centenária branco 2017, as Azores Wine Company. Estes são apenas alguns exemplos, entre os melhores vinhos, premiados com Excelência.

PAIXÃO PELO VINHO ESCOLHA

Os prémios “Escolha” valorizam as melhores relações qualidade-preço, foram distinguidos 16 vinhos, como Castelo D’Arez Colheita Selecionada tinto 2016 e branco 2017, da Sociedade Agrícola da Arcebispa, e os Camolas Selection branco Reserva 2018 e tinto Reserva 2017, produzidos pela Adega Camolas, todos da Península de Setúbal, região que se destacou. A lista completa com todos os premiados, pode ser consultada na próxima edição da revista Paixão Pelo Vinho, nas bancas no final de março. Pode consultar todos os premiados na página seguinte.

Foram provados e avaliados mais de mil vinhos, espumantes e aguardentes vínicas no decorrer de 2019. Destes, um total de 68 foram premiados, com maior destaque para a região do Douro, que arrecadou 28 distinções. 
QUALIDADE E VALOR

Para Maria Helena Duarte, fundadora e diretora da revista Paixão Pelo Vinho, “é fundamental reconhecer a qualidade, já que os prémios para além de valorizarem os vinhos e exponenciarem a sua procura nos mercados, interno e externo, dinamizando a economia, também ajudam os apreciadores a escolher os vinhos certos para cada ocasião”. Já João Pereira Santos, diretor adjunto da publicação, destaca que “a qualidade dos vinhos portugueses está cada vez melhor, posicionando-os entre os melhores do mundo!”.

Com tantos e tão bons vinhos, não vão faltar razões para juntar família e amigos em jantares especiais, convívios, boas conversas e grandes brindes! Pode sempre ir acompanhando a seleção de vinhos através do nosso novo website: www.revistapaixaopelovinho.com.



> texto PPV > fotografia Ernesto Fonseca e Sérgio Sacoto
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